Mudança deu o tom. Adaptabilidade, o caminho. #Inclusão, a ferramenta. E coragem, a força motriz. Ainda não há respostas prontas para resolver todas as questões do momento de transformação e disrupção que vivemos.
O mais recente estudo global da Gartner, com 426 CHROs e 105 CEOs, revela que o RH está diante de uma inflexão histórica. A área entra em 2026 pressionada por quatro forças que redefinem o trabalho e o papel das lideranças: o avanço da inteligência artificial, o equilíbrio entre crescimento e eficiência, o desgaste do “acordo” entre as organizações e os colaboradores e a necessidade de reinventar a cultura organizacional.
O resultado traz um conjunto de quatro prioridades estratégicas que mostram como o CHRO deve se preparar para liderar o futuro e não apenas reagir a ele.
Mais de 90% das empresas já implementam ou visam algum uso de IA em RH, e, segundo a pesquisa da Gartner, 50% preveem redução de custos com talentos. O recado do estudo é claro, o RH tem dois caminhos possíveis: ele pode ser “dissolvido” por outras funções ou pode liderar a transformação, por eles chamada de reinvenção, digital do trabalho.
O novo modelo operacional proposto passa por criar centros de comando de inovação, sustentados por três pilares: designers de produtos de RH “hiper personalizados”; plataforma de líderes estratégicos de talentos; e soluções digitais de RH com entrega de serviços ágeis, sustentada por dados e automação. Entre as propostas para as soluções digitais está potencializar a capacitação em dados e tecnologias de RH e gestão ágil da equipe de entrega da área.
Mas a tecnologia, por si só, não é suficiente. A pesquisa reforça o que muito já tem se falado sobre este momento de mudança que vivemos: o desafio dos CHROs é alinhar a estratégia de IA do RH à estratégia de negócios, com uma visão clara de futuro e ciclos contínuos de aprendizado e adaptação. A plataforma de líderes estratégicos de talentos aparece como aposta para impulsionar a transformação digital do negócio centrada no humano (Human-First AI), fornecendo consultoria estratégica de pessoas.
Já não é novidade que a IA deixou de ser apenas uma ferramenta, ela se tornou um novo agente de trabalho. Agora, segundo a Gartner, os CHROs passam a lidar com novas perguntas, como: Que habilidades humanas precisam ser preservadas? Até onde a IA pode ser considerada um novo tipo de talento? Como a IA abre novas opções de como e onde trabalhamos?
De acordo com a Gartner, 64% dos CHROs têm dificuldade em definir o equilíbrio entre criar, comprar, terceirizar ou automatizar talentos. O desafio é construir modelos de trabalho em que pessoas e máquinas coexistam, preservando o toque humano e o propósito.
A orientação é liderar discussões com o C-Suite para estabelecer cenários de trabalho e implicações do roadmap de IA da organização, impulsionando a transformação da IA priorizando as pessoas.
Para a Gartner, hoje, liderança eficaz é a liderança para a mudança. No entanto, apenas 32% dos líderes conseguem conduzir mudanças de forma saudável. E 64% dos CHROs afirmam que suas lideranças não têm a mentalidade adequada para lidar com a velocidade das transformações. Já as organizações com níveis de adoção de mudanças saudáveis acima da média relatam uma taxa de crescimento de receita anual 2 vezes maior.
A Gartner aponta um novo perfil de liderança: menos inspiracional e mais adaptativa. São líderes que incorporam a mudança ao cotidiano, regulam o desconforto emocional das equipes e desenvolvem reflexos de adaptação contínua.
Mobilizar líderes, nesse contexto, também exige coragem para redefinir papéis, ou até remover “líderes imóveis”. Crescimento e incerteza caminham juntos, e o RH é quem deve ajudar a equilibrar essa corda bamba.
Segundo a pesquisa, vivemos um paradoxo em que enquanto as organizações precisam da cultura para impulsionar o desempenho, a própria cultura é vista como barreira e não como facilitadora.
Com o retorno aos escritórios e a pressão por produtividade, o antigo pacto de reciprocidade entre o colaborador e a organização está mudando, ou, recuando. A regra volta a ser, segundo a Gartner, “dar mais, esperar menos”. O resultado? Uma atrofia cultural crescente.
A provocação da pesquisa soa como um alerta, não como uma aspiração. Ela reflete o que está acontecendo em muitas organizações pressionadas por custos e resultados, como jornadas mais longas, menos flexibilidade e um investimento cultural em retração. Mas, ao que a pesquisa indica, se essa lógica se mantiver, o risco é alto: desgaste da confiança, perda de engajamento e enfraquecimento do vínculo humano no trabalho. A recomendação da Gartner é reincorporar a cultura no dia a dia, traduzindo valores em comportamentos co-criados. Outra sugestão apontada é envolver grupos focais de colaboradores para definir comportamentos produtivos e usar métricas culturais (como dashboards de reuniões eficazes).
O desafio dos CHROs para 2026 é transformar os diferentes alertas da pesquisa em ação: reconstruir culturas vivas, ambientes de confiança e relações que sustentem tanto a produtividade quanto a humanidade. Capacitação e desenvolvimento aparecem como reforços para navegar neste novo momento do mundo do trabalho. E o CHRO como grande condutor desta jornada.
Na América Latina, o foco é claro: 1º: Desenvolvimento de líderes e gestores 2º: Cultura organizacional 3º: Design organizacional.
Enquanto o mundo discute algoritmos, a nossa região continua lembrando que a transformação é feita por pessoas. O CHRO latino-americano é chamado a ser um tradutor entre tecnologia e humanidade, a ponte que mantém o fio da cultura e da liderança vivo em meio à automação.
Veja esses e demais dados e insights da pesquisa da Gartner aqui.
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