Mudança deu o tom. Adaptabilidade, o caminho. #Inclusão, a ferramenta. E coragem, a força motriz. Ainda não há respostas prontas para resolver todas as questões do momento de transformação e disrupção que vivemos.
“Matar um leão por dia é fácil. Difícil é desviar das antas.” Foi com essa máxima de cafezinho que Alexandre Pellaes arrancou risadas do público em sua participação na Humanship Conference. Spoiler: “somos todos antas”, disse logo em seguida. Em tempos de transformações que vão da inteligência artificial à busca pela saúde social (e mental), a provocação ganha ainda mais sentido.
Pesquisador e palestrante especialista no significado do trabalho, Pellaes foi um dos destaques da Humanship Conference, realizada no MASP, que reuniu mais de 250 lideranças de RH para refletir sobre os futuros do trabalho. O riso diante da provocação foi unânime. E a reflexão, imediata. A selva corporativa está mudando rápido e ninguém escapa das armadilhas nem dos próprios tropeços.
A boa notícia, segundo Pellaes, um otimista declarado, é que, ao nos enxergarmos como parte de um todo e trabalhando em conjunto com intenção, abrimos caminho para reconhecer e criar novas oportunidades. Por isso, intencionalidade é uma das palavras-chave. Conversamos com Pellaes após sua aplaudidíssima palestra.
Trabalho: uma relação de ser O trabalho, defende Pellaes, tem impacto social e relacional na vida das pessoas. Falar sobre trabalho é falar sobre identidade: “É uma relação de ser”. É também sobre quem nos tornamos ao realizá-lo e sobre a marca que deixamos nas outras pessoas a partir de como o executamos. Assim, ele defende que o trabalho seja reconhecido como uma ação intencional e consciente, capaz de transformar realidades.
Intencionalidade nas ações, nas relações e no papel social da empresa. Para Pellaes, esse é o caminho que o RH do futuro precisa trilhar. E é justamente por isso que acredita que as organizações ainda não estão preparadas para assumir um papel mais estratégico para o RH.
RH estratégico “Se o interesse do RH transcender o interesse puramente organizacional, ele vai olhar o lado social dessas pessoas dentro do mundo, dentro da sociedade. E as organizações não estão preparadas para olhar para isso. O nível de maturidade das organizações ainda está distante desse papel social”, afirma.
Segundo ele, ainda é comum que o chamado RH estratégico seja entendido como a área responsável por gerar mais resultados financeiros. “E isso é ser estratégico numa visão muito curta, muito afunilada sobre qual é o papel da organização, do trabalho e do RH.” Para chegar a um RH estratégico de verdade, será preciso escutar incômodos, acolher perguntas e tomar decisões organizacionais que não estejam necessariamente ligadas à rentabilidade, mas ao papel social da empresa.
Para Pellaes, a única maneira de trazer a importância do papel social da empresa para a mesa é desenvolver a consciência da liderança. Afinal, é ela que vai definir o futuro, a jornada estratégica da organização.
“A melhor maneira de realmente investir nesse caminho é ajudar esses líderes e essas líderes a trabalharem mais o autoconhecimento.” Para que assim entendam melhor qual é o papel daquele trabalho que executa e compreendam o que para Pellaes é o mais difícil: “Quanto mais eu me conheço, mais eu me reconheço nas outras pessoas. Então o vínculo de empatia e do papel social começa a permear mais naturalmente a tomada de decisão.”
O RH do futuro Para Pellaes, o RH do futuro não precisa mudar de nome nem adotar siglas criativas. “Pode continuar chamando RH, mas que tenha a clareza de que estamos falando de relações humanas. E a relação humana acontece no encontro de dois mundos que existem na cabeça e na história de cada indivíduo. E ele vem com sonhos e ele vem com traumas.”
E alerta: humanizar as relações no trabalho não significa apenas enxergar a beleza do ser humano. As pessoas também trazem questões e imperfeições da própria humanidade. “Meu sonho é um RH maduro, que consiga interpretar e facilitar esse diálogo das construções humanas.”
Antas ou não, estamos juntos nessa mesma selva de mudanças intensas. Cabe a cada um imaginar os futuros que deseja e decidir como vai interferir no mundo para criá-los. E vale sempre refletir com intencionalidade: qual impacto queremos causar e levar dessa interação que é o nosso trabalho? “As organizações do futuro devem se apropriar desse papel de plataformas de desenvolvimento humano e construtoras de contribuição e legado para a sociedade.”
Mudança deu o tom. Adaptabilidade, o caminho. #Inclusão, a ferramenta. E coragem, a força motriz. Ainda não há respostas prontas para resolver todas as questões do momento de transformação e disrupção que vivemos.
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